Novas tecnologias ajudam a motivar reciclagem profissional

Neste Dia do Refrigerista (7/7), vale a pena a gente refletir sobre o estrago causado no mercado por pessoas despreparadas, que saem por aí se dizendo capazes de fazer o nosso trabalho, tem sido assunto muito frequente quando nós, profissionais da área, resolvemos bater um bom papo.

Foi justamente sobre isso minha conversa dia desses com José Amaro dos Santos, colega que costuma fazer suas compras de peças e ferramentas na Frigelar da Alameda Glete, onde a gente se encontrou.

Especialista em refrigeração comercial e doméstica, assim como lava-louças e lavadoras, ele anda preocupado com a proliferação de aventureiros, cujo conhecimento se limita ao conteúdo aprendido no YouTube, “em aulinhas dadas por instrutores do tipo professor Pardal”, reclama.

Sua formação começou há duas décadas na Escola Argos e prosseguiu na prática diária, a ponto de hoje José Amaro ser dono de empresa e ter sua própria equipe de colaboradores.

Embora venha dando certo no setor, ele confessa achar o futuro incerto, devido à ação desses maus profissionais, que também fazem uma verdadeira guerra de preços, à qual o cliente muitas vezes não resiste.

“A pessoa vai lá, leva uma pecinha usada, e fala: ‘Eu tenho essa aqui; uma nova custa R$ 100,00 e eu tenho uma de R$ 50,00 pra você’. É isso”, exemplifica.

Mas ele vê em outra característica da atualidade uma possível solução para parte desses problemas, pois os aparelhos de ar-condicionado e refrigeração hoje saem de fábrica com uma quantidade de eletrônica embarcada inimaginável tempos atrás. Com isso, quem realmente quiser entrar na área ou simplesmente prosseguir nela vai ter que estudar.

“Tem um monte de produtos novos, alguns aparelhos eles não sabem nem abrir, muito menos por onde começar. Só isso mesmo para tirar da nossa frente esses amadores, que não investem em ferramentas e funcionários, servindo apenas para atrapalhar a vida dos verdadeiros profissionais”, conclui.

“Clientes não me faltam”

Com a experiência de quem há 10 anos repara e instala equipamentos de refrigeração comercial e doméstica, Gilberto do Nascimento é o tipo do profissional que nunca fica parado.

Ele atua em toda a cidade de São Paulo e é presença diária na Frigelar da Alameda Glete, onde se abastece dos muitos materiais e componentes que necessita para dar conta de tantas chamadas técnicas.

Fica fácil entender a razão desse sucesso. “Trabalho diariamente das 7h00 às 23h00, e também tenho como hábito atender da melhor forma possível. Só assim dá para continuar contando com a indicação boca a boca como principal forma de conquistar novos clientes”, diz ele, lembrando que nem cartão de visita está mais distribuindo.

No seu entender, é um grande erro o refrigerista pensar que se fizer um reparo muito bem-feito vai demorar para retornar ao local. “Prefiro não voltar nunca, mas ter a possibilidade de ser indicado por alguém que tenha ficado muito satisfeito”, acrescenta.

Para ilustrar essa situação, o colega conta um caso acontecido no mesmo dia do nosso bate-papo. “Hoje eu instalei um compressor numa peixaria de Santo Amaro por indicação de uma cliente da Avenida Morumbi para quem fiz a mesma coisa seis meses atrás”.

Na contramão de condutas assim, ele lamenta ainda haver quem deponha contra si e a própria profissão ao executar soldas malfeitas, deixar de fazer o vácuo no sistema e instalar os equipamentos de qualquer jeito.

Refrigeradores e freezers frost free, por exemplo, têm boa parte dos problemas causada por pequenas pedras de gelo impedindo a circulação do frio.

“Em vez de colocar cada vez mais fluido refrigerante, precisa fazer uma boa limpeza no sistema com gás 141b e, aí sim, dar uma carga normal”, recomenda.

Na refrigeração comercial, sua outra especialidade, Gilberto aponta uma antiga questão cultural, a colocação dos condensadores sobre os equipamentos.

“Quando você entra em uma cozinha de restaurante dá de cara com aquela expositora de quatro portas e o motor lá em cima, perto do teto, justamente o lugar mais quente”, lamenta.

E para concluir, ele deixa um último recado: “Tem que fazer o serviço para ficar bom, nunca meia-boca. É assim que funciona”.

Saúde em 1º lugar

Muitos colegas nossos acabam se especializando em alguma área, mesmo que também atuem em outras. Um caso típico desse perfil é o de Antônio César Almeida, com quem bati um bom papo dia desses na Frigelar da Alameda Glete, na capital paulista, loja onde ele faz suas compras praticamente todos os dias.

No setor há 13 anos, desde o início sua empresa – a Preserve a Vida Assistência Técnica – tem a Vigilância Sanitária do estado de São Paulo como um de seus principais clientes.

Foi um desafio atender a tantas exigências quanto à qualidade dos serviços prestados, mas isso combinou perfeitamente com a filosofia de Antônio de sempre fazer a coisa certa, o que lhe garantiu contratos igualmente importantes com a Secretaria da Saúde e o Tribunal de Justiça de São Paulo.

Ex-técnico de fogão e encanamento de gás, o profissional hoje atua com refrigeradores da refrigeração doméstica e comercial, e ar-condicionado, atividades nas quais se orgulha por oferecer sempre o melhor atendimento possível. “Eu quero ganhar confiança, o dinheiro a gente faz naturalmente”, justifica.

Um exemplo disso é a limpeza das evaporadoras, que ele sempre retira para fazê-la, nunca aplicando produtos corrosivos, mas sim água e detergente generosamente lançados por máquina de alta pressão.

“Se usar produtos químicos fortes, você acaba provocando o surgimento de pequenos furos por onde depois o fluido refrigerante vai vazar”, lembra Almeida.

No seu entender, práticas assim – a exemplo de utilizar sempre refrigerante de boa qualidade e fazer vácuo nos sistemas – só não são mais frequentes por causa do hábito do mercado de ainda preferir o preço baixo à alta qualidade, uma realidade que, infelizmente, todos nós refrigeristas conhecemos muito bem.

Aprendendo todos os dias

Ele é conhecido como uma “figuraça” na Frigelar da Alameda Glete, em São Paulo, onde costuma ir duas vezes por dia para se abastecer de peças e componentes essenciais ao seu trabalho de refrigerista autônomo.

Mas conversando alguns minutos com Heleno Antônio de Santana, percebe-se claramente que esse profissional expansivo e irreverente tem muita seriedade nos serviços que presta nas áreas de refrigeração doméstica, comercial de pequeno e médio portes, refrigeradores, máquinas de gelo, lavadoras e secadoras.

Foi por isso, aliás, que nesses 35 anos de profissão ele sempre buscou aprimoramento por meio de cursos, como o realizado recentemente no Centro Técnico de Refrigeração (CTR), e também um treinamento específico na área da eletrônica.

“Você tem que saber onde começa, onde é o meio e o fim de um reparo, e só mesmo estudando é possível resolver os problemas dos equipamentos de hoje, mais desenvolvidos em tecnologia”, diz ele, ao justificar sua preocupação de estar sempre aprendendo.

Outro aliado desse nosso colega no dia a dia tem sido a sua versatilidade, pois nos meses mais frios, quando os negócios costumam cair no segmento doméstico, ele conta mais com a refrigeração comercial, sempre movimentada por causa do consumo no varejo.

Heleno Antônio de Santana é refrigerista há 35 anos

Mesmo assim, Heleno diz não sofrer muito com a famosa sazonalidade do setor. “Existem técnicos que reclamam da falta de serviço, mas o problema mesmo é a pouca qualificação de alguns, porque quando você é bom acaba sendo indicado por muita gente”, observa.

Esse mesmo entusiasmo demonstra José Lucas da Silva Souza, nosso colega que atua principalmente na refrigeração comercial e industrial. Às vezes, ele instala ar-condicionado.

Aliás, ele está animado com o Programa de Incentivo Fujitsu, que oferece bônus em dinheiro aos profissionais que recomendam as condensadoras da marca japonesa aos consumidores.

Estudo permanente é uma das melhores formas de se manter competitivo no mercado, diz José Lucas

Há cerca de 10 anos ele é cliente da unidade da Glete, onde costuma comprar itens como fluido refrigerante, compressor e central eletrônica. “Não tem loja que bata a Frigelar”, diz Lucas, quando perguntando sobre preços e promoções.

Sua queixa atual é mesmo contra o mercado em geral, principalmente o comércio, “pois, se quebram três equipamentos, o cliente só está arrumando um”, constata.

Na qualidade de refrigerista, ele só vê uma esperança: a especialização constante para a realização de serviços com garantia. “Se você for um bom técnico, também terá serviços e clientes de excelente qualidade”, ensina.