Guia básico para compreender o superaquecimento
Considerado por muitos como um cálculo complicado, o superaquecimento é, na verdade, a diferença entre dois valores. O termo “aquecimento” causa confusão aqui, já que esse cálculo pode ter resultado negativo.
Uma coisa pode estar a -23 ºC e ainda estar superaquecida. Estamos falando de uma diferença entre temperaturas, não um valor absoluto.
Assim como o sub-resfriamento, compreender e calcular o superaquecimento pode ser um pouco difícil para os refrigeristas novatos, porque a maioria não entende o seu real significado.
O superaquecimento é, provavelmente, o termo técnico mais comentado e, ao mesmo tempo, um dos mais incompreendidos entre profissionais da área de HVAC-R.
- Saiba mais sobre o superaquecimento
- Superaquecimento, um cálculo fundamental
- Conheça as vantagens do sub-resfriamento e superaquecimento
Ele é medido através da diferença entre a temperatura real do vapor do fluido refrigerante em um determinado ponto e a temperatura de saturação da substância.
O cálculo correto do superaquecimento exige que o técnico verifique a pressão e a temperatura simultaneamente no mesmo local e, como sabemos, nem sempre é fácil fazer uma leitura de pressão no local do bulbo remoto junto com a temperatura.
Dicas úteis
O superaquecimento diz a um técnico até onde o líquido está chegando através do evaporador. Um superaquecimento maior significa que o líquido está passando menos pela serpentina antes de virar vapor completamente, e um superaquecimento menor significa que o líquido está avançando mais pela serpentina.
Um superaquecimento maior do que o apropriado resulta em baixa capacidade do sistema e em superaquecimento do compressor, enquanto um superaquecimento baixo ou de zero pode resultar em excesso de refrigerante e danos no compressor.
Quando um técnico mede um superaquecimento negativo, esse é um bom momento para checar suas as leituras. Lembre-se sempre que uma medição de superaquecimento depende de valores exatos de pressão e temperatura. Por isso, ferramentas de alta qualidade com a calibragem correta são indispensáveis.
Em geral, há três coisas que os refrigeristas iniciantes devem saber sobre o superaquecimento. Primeiramente, todos devem saber como medi-lo, porque determinar a eficácia do funcionamento do evaporador exige a medição do valor de superaquecimento na saída. Também é preciso saber os valores corretos de superaquecimento na saída do evaporador e na entrada do compressor – diferentes aplicações são projetadas em torno dos diferentes valores de superaquecimento no evaporador. Por fim, todos devem entender o que significa superaquecimento.
A pressão é a leitura mais difícil de ser registrada, porque nem sempre há uma válvula de pressão na extremidade do evaporador.
Ajustar o superaquecimento em um sistema com tubo capilar é muito diferente de um sistema com válvula de expansão termostática (TXV, em inglês), já que a pressão no cabeçote afetará muito o superaquecimento. Após o ajuste, é importante deixar o sistema operando por tempo suficiente até se estabilizar – algo entre 10 minutos – para então determinar quais alterações foram feitas.
Erros comuns
O cálculo adequado do superaquecimento é importante porque, se os refrigeristas não tiverem o superaquecimento correto do evaporador ou do compressor, poderão mandar composto refrigerante líquido ao compressor e arruiná-lo.
Se um técnico medir a pressão no compressor em vez de fazer isso na saída do evaporador, vai obter um valor de superaquecimento mais elevado e, portanto, não real.
À medida que o refrigerante percorre a extensão da linha de sucção, haverá queda de pressão associada ao atrito e/ou restrições causadas por acúmulo de óleo, filtros ou válvulas.
Isso fará com que a pressão no compressor seja menor que a pressão de saída do evaporador. Essa leitura de superaquecimento equivocada, mais alta, pode levar o técnico a ajustar a haste da TXV no sentido anti-horário [aberto] para compensar a leitura imprecisa de alto superaquecimento.
Um erro comum na prática é registrar o superaquecimento quando o sistema não está em um estado estável ou próximo à sua temperatura padrão. Outros erros incluem não saber os valores corretos e não usar um termômetro adequado para medir a temperatura do tubo.
Trabalhar com pressa ou não seguir os procedimentos corretos são os problemas bastante comuns.
Calculando o superaquecimento
Os refrigeristas devem calcular o superaquecimento quando estiverem analisando um problema no sistema ou dando a partida em algum equipamento.
Primeiro, deve-se medir e comparar com os padrões do fabricante ou padrões da indústria. O sistema precisa estar em um estado estável, ou seja, deve estar operando por pelo menos 10 a 15 minutos.
Entre outras boas práticas, também podemos medir a pressão e a temperatura no mesmo local, convertendo a pressão medida para sua temperatura de saturação equivalente e, em seguida, comparar a temperatura de saturação convertida com a temperatura real obtida.
No caso de um sistema com TXV, o cálculo de superaquecimento é usado para verificar a eficiência do evaporador. Já com um tubo capilar, o cálculo é usado para verificar também a carga correta de fluido refrigerante.
O superaquecimento deve ser calculado sempre que uma carga estiver sendo configurada ou iniciada. Há muitas circunstâncias em que os técnicos podem testar um sistema sem conectar o manifold, apenas para reduzir a perda de refrigerante e o risco de contaminação. Mas toda vez que você conectar o manifold, vale a pena verificar o superaquecimento.
Por fim, o refrigerista deve saber que o superaquecimento por si só não é suficiente para fazer um diagnóstico. É geralmente utilizado em conjunto com o sub-resfriamento, pressão de sucção, pressão do cabeçote, amperagem do compressor e outras leituras para chegar a um veredito.
Mas lembre-se: o superaquecimento é apenas uma medida e, embora seja significativa, não devemos desprezar as outras. Enfim, um bom técnico sempre usa todos os seus recursos e faz uma completa inspeção visual do equipamento, além de realizar medições de diagnóstico, como o superaquecimento.
4 comentários em “Guia básico para compreender o superaquecimento”
Os comentários estão fechados.