Ar-condicionado também pode economizar no inverno

A gente sabe muito bem que o valor da conta de luz sobe na mesma proporção da queda da temperatura. É lógico, todo mundo usa mais o chuveiro no quente, aquecedores e, claro, o ar-condicionado. Pois é justamente aí que entra o nosso trabalho, para evitar ao máximo um aumento de consumo, além do normalmente esperado durante o inverno.

O ideal, cá entre nós, seria os próprios imóveis serem construídos pensando em coisas assim, isto é, com bons materiais isolantes nas paredes e tetos e vidros duplos, por exemplo, como forma de reter melhor a temperatura obtida pela climatização dos diferentes ambientes da casa ou apartamento.

Mas nem sempre isso acontece e o negócio é fazer a nossa parte ao ajustar o termostato para as condições de conforto mais próximas da temperatura externa, que, segundo especialistas, deve ficar entre 19°C e 21ºC nas estações mais frias.

Igualmente importante é a manutenção correta e constante das máquinas, providenciando a limpeza de filtros, serpentinas e outros componentes vitais, um trabalho mais abrangente quando se tratam de instalações maiores, para as quais, inclusive, vigora desde janeiro uma lei obrigando a realização do Plano de Manutenção, Operação e Controle (PMOC).

Ar-condicionado e recém-nascidos combinam, sim

Desativar os condicionadores de ar da casa e, principalmente, sequer instalar um aparelho no quarto do bebê são uma prática relativamente comum entre as famílias brasileiras.

Isso ainda ocorre porque os pais normalmente imaginam que a temperatura mais baixa ou alta em relação à do ambiente externo possa causar rinite, sinusite, asma e várias outras doenças.

Na verdade, a umidade relativa do ar deveria ser o principal ponto a ser observado, e nesse quesito particular os ambientes climatizados possuem uma proteção extra para evitar a proliferação de bactérias, pois a mantém em 50%.

Se mesmo assim a sensação de nariz ressecado aparecer, existem alguns recursos adicionais para impedir a retirada total da umidade do ar, dentre eles o uso de umidificador, bacia com água ou uma toalha molhada deixada no ambiente.

Já para evitar o tão temido choque térmico, o ideal é manter a temperatura entre 22 ºC e 26 ºC, faixa na qual a criança não terá calor ou frio em excesso, mesmo sendo mais sensível a variações térmicas em relação aos demais moradores da casa.

Portanto, cabe a nós refrigeristas orientar os clientes a manter seus lares climatizados, não só em função do conforto térmico, mas também dos benefícios trazidos à saúde, inclusive dos recém-nascidos.

Macetes para regular o ar-condicionado no inverno

Num país tropical como nosso, é compreensível que boa parte das pessoas considere a climatização dos ambientes necessária apenas para amenizar os efeitos do verão.

Mas isso – ainda bem – tem mudado na mesma proporção da chegada ao mercado de novos modelos quente/frio e com maior eficiência energética, derrubando assim o mito do aumento exagerado da conta de luz.

Existem, porém, alguns cuidados a observar no dia a dia e cabe a nós, refrigeristas, dar essas dicas aos nossos clientes, até mesmo para que eles continuem sendo usuários por muitos e muitos invernos.

A primeira dessas informações eu ouvi do conselheiro Ricardo Vaz de Souza, da Associação Sul Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Aquecimento e Ventilação (Asbrav), e vou compartilhar com você.

Segundo o engenheiro mecânico, é sempre bom lembrar que o ar-condicionado é um dos mais indicados sistemas de aquecimento, pois além de deixar a umidade relativa do ar ideal, ajuda a filtrar o ar e manter o conforto térmico.

Ele frisa ainda a importância da moderação na escolha da temperatura, devendo ficar sempre entre 21 °C e 24,5 °C, pois esta é a faixa na qual o corpo melhor se adapta. “Se colocarmos em 30 °C para esquentar o ambiente e depois baixarmos a temperatura, o que é comum acontecer, o gasto de energia elétrica aumenta, pois o equipamento vai realizar dois processos: aquecer e depois resfriar o ambiente”, explica o especialista.

Para manter o ambiente aquecido e diminuir a necessidade de utilizar sistemas de aquecimento, o conselho dele é deixar entrar a luz solar e manter os vidros fechados. Abrir persianas e cortinas durante o dia também é recomendado.

Finalmente, quem possui o equipamento unicamente na opção de resfriamento deve ligar os aparelhos pelo menos uma vez por mês durante meia hora, pois assim se movimentam fluidos e óleos, procedimento capaz de evitar defeitos futuros.

Inverno e ar-condicionado, uma boa combinação

Você, por acaso, é daqueles que, mesmo trabalhando com HVAC-R, diz por aí que condicionador de ar só faz bem mesmo no verão? Olha, se for, sugiro mudar de ideia, pois, em vez de propagar gripes e resfriados, como alguns acreditam, seu papel nas estações mais frias é aumentar o conforto térmico das pessoas, tarefa facilitada pela grande quantidade de aparelhos quente e frio disponível hoje no mercado.

E olhe que não sou eu o defensor da climatização também no outono e inverno. Quem levantou essa bandeira foi uma especialista ambiental norte-americana chamada Olivia Rose-Innes.

Mas ela adverte que sistemas mal cuidados podem agravar as doenças respiratórias de quem já tem esses problemas, muitas vezes crônicos, e que normalmente são mais sensíveis à ação de fungos e bactérias.

Agora, um mito em 100% dos casos envolve as alergias possivelmente provocadas pelo sistema de climatização, algo impossível de acontecer, segundo um médico especialista nessa área, o doutor Adrian Morris, também dos EUA.

“Você não pode ser alérgico a ar-condicionado; ele é só uma máquina que esfria o ar como sua geladeira”, assegura ele, embora também deixe claro que esporos de mofo, esses sim, são capazes de provocar alergias, caso os aparelhos estejam sujos a ponto de provocar a proliferação desses micro-organismos que adoram umidade.

Como a gente sabe, limpar os filtros regularmente é um bom começo para evitar essas situações, sem falar naquela higienização mais profunda, geralmente realizada uma vez por ano por um profissional como nós.