DESAFIO ACEITO

Indústria brasileira do frio tem sua capacidade de manter a temperatura correta das vacinas contra o coronavírus, reconhecida por cientistas

E eu não me esqueci, não, de voltar rapidinho a falar da importante questão envolvendo a temperatura adequada na armazenagem, manuseio e transporte de medicamentos.

Claro, a bola da vez atualmente é a vacina contra a covid, verdadeira preciosidade que não pode ser desperdiçada, além de exigir segurança total por parte da comunidade médica e todos nós, usuários.

O professor doutor do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Mateus Pedrosa, por exemplo, frisa que a refrigeração é um processo necessário na indústria farmacêutica bem antes que os produtos cheguem ao mercado, pois se revela fundamental nas fases de pesquisa, desenvolvimento e fabricação.

“No Brasil, precisamos de imunizantes compatíveis com a capacidade da rede de resfriamento nacional, que gira em torno de temperaturas de 2°C a 8°C”, afirma o professor, agora com foco na onda de produtos que está chegando para combater entre nós a maior pandemia mundial de todos os tempos.

Em comunicado, o Conselho Nacional de Climatização e Refrigeração (CNCR), instituto que integra associações e estabelecimentos da área, declara que “o Brasil dispõe de uma forte cadeia do frio, com inúmeros fabricantes no território nacional com tecnologia disponível”.

Além disso, o setor de serviços possui profissionais com conhecimento robusto para instalações de baixíssima temperatura, tanto que instalações de criogenia se encontram presentes operando há muitos anos no país.

 “Portanto, o setor de frio nacional pode adequar a infraestrutura e disponibilizar soluções para qualquer temperatura, inclusive -70°C, com planejamento e investimento”, acrescenta o documento do CNRC.

DIFERENÇAS

A vacina produzida pela Pfizer, em parceria com a BioNtech, primeira em utilização no mundo para imunização contra covid-19, mostrou uma eficácia de 90% em imunizar os participantes após duas doses e é uma forte candidata para o enfrentamento do novo coronavírus entre nós.

Contudo, um fator que dificulta sua logística é a necessidade de refrigeração – entre -80 ºC e -70 ºC – Como explica o professor, a vacina da Pfizer tem como base RNA de moléculas e caso não seja conservada na temperatura correta, terá de ser descartada.

Igualmente forte candidata, a vacina da farmacêutica norte-americana Moderna também anunciou seus resultados promissores de imunização e eficácia de 94%.

Embora requeira uma temperatura maior, mas também abaixo de zero, essa vacina consegue ficar conservada a -20 ºC, patamar geralmente obtido em congeladores comuns de hospitais e farmácias.

A CoronaVac, por sua vez que no Estado de São Paulo está sendo desenvolvida pela biofarmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, tem como vantagem adicional poder ser armazenada e transportada em uma temperatura de geladeira, isto é, entre 2 ºC e 8 ºC, sendo uma das mais adequadas para a realidade brasileira.

Agora, pessoal, é torcer para que haja vacina para todos nós, brasileiros, porque – no que depende das indústrias e dos profissionais do HVAC-R como nós – esta luta contra o vírus já foi liquidada.