Acidentes por inalação: mais frequentes do que se imagina, mas quase sempre evitáveis

Embora muitos colegas acreditem que os maiores riscos enfrentados em nossa lida diária sejam as quedas e os choques elétricos, a exposição a substâncias químicas no ar e o consequente sufocamento ainda preocupam bastante.

Os refrigerantes químicos gasosos pressurizados, por exemplo, fazem parte do nosso trabalho e devem ser tratados sempre com atenção especial, já que não é apenas o lado ambiental do seu uso a ameaça trazida aos seres humanos, conforme demonstram estatísticas do Departamento de Trabalho dos Estados Unidos.

De acordo com aquele órgão, 38 técnicos do setor de climatização e refrigeração perderam a vida entre 2010 e 2015 por terem ficado expostos a substâncias ou ambientes nocivos.

Embora a maioria dos refrigerantes seja atóxica, sua presença em espaços apertados, com ventilação deficiente, pode deslocar o oxigênio e tornar o ar irrespirável.

Um caso típico é o do nitrogênio, que, mesmo respondendo por 78% da composição da nossa atmosfera, pode se tornar excessivo se vazar num tanque pressurizado.

Pelo fato de ser incolor e inodoro, o problema não é percebido sem instrumentos, podendo baixar a concentração de oxigênio, causa frequente de desmaios e danos irreversíveis no cérebro.

Outro tipo de asfixia relativamente comum é o provocado por gases mais pesados que o ar, como o dióxido de carbono e grande parte dos próprios refrigerantes.

Ao se misturar com o ar, eles o jogam para a parte superior do ambiente, causando um efeito semelhante ao provocado pela mistura entre água e óleo.

Finalmente, há o perigo típico de ambientes industriais onde o tratamento do ar se destina a ventilar gases tóxicos como o cloro e também o subproduto da mistura de líquidos utilizados na limpeza que contenham em sua fórmula amônia e alvejantes.

Tão perigoso quanto esses gases é o fosgênio gerado durante a brasagem de certos metais e também num antigo teste de vazamento para sistemas com R-12 e R-22.

Bem, você deve estar se perguntando sobre as formas de evitar graves problemas como os descritos aqui. Uma delas, sem dúvida, é melhorar a qualidade da atmosfera nos ambientes fechados, bombeando para lá o ar externo.

O outro é usar sempre ferramentas de trabalho adequadas, Equipamentos de Proteção Individual (EPI), detectores de monóxido de carbono, medidores do nível de oxigênio e até mesmo kits de respiração para os locais mais arriscados.

Já os recipientes (cilindros de serviço para recolhimento, carga, transporte) e o manuseio de fluido frigorífico devem atender às normas ABNT NBR 13598/2011 (Vasos de Pressão para Refrigeração), ABNT NBR 15960/2011 (Fluidos frigoríficos – Recolhimento, reciclagem e regeneração – 3Rs) e DOT 4BA (norma que informa tipo, capacidade e pressão de trabalho dos cilindros).

E lembre-se, jamais vale a pena colocar a sua segurança em jogo, por mais que se precise de um determinado serviço ou emprego, pois em alguns segundos respirando mal, você pode ter danos irreparáveis nos seus pulmões, olhos e cérebro

Suportes, só com norma de qualidade

Capacidade de carga, resistência à corrosão e ao fogo. Esses são os testes necessários, feitos em laboratório acreditado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), para que um suporte de ar-condicionado tenha a sua qualidade certificada.

Por isso, eu sempre verifico – e recomendo que você faça o mesmo – se esse produto vital à instalação de um split possui a NBR 16655, norma concedida a toda a linha EOS, como prova de total segurança para as unidades condensadoras, sejam quais forem suas capacidade e localização.

Fique atento também, meu amigo, se o suporte que você está comprando tem a marca do fabricante impressa no produto; data de fabricação, manual de instalação e termo de garantia.

Caso deseje conhecer a íntegra da norma, adquira seu texto no catálogo da ABNT. Em caso de qualquer dúvida técnica ou comercial, você também pode consultar um especialista nas lojas da Frigelar.

Conheça a norma internacional do nosso setor

Certamente, você já ouviu falar na ISO 9001, muito utilizada pelas empresas de serviço. Pois fique sabendo que existe uma norma feita sob medida pra nós, referente a manutenção e reparo de equipamentos de refrigeração. Estou falando da ISO 5149-1:2014, cujo tema é “Sistemas de Refrigeração e Bombas de Calor – requisitos ambientais e de segurança”.

Além de recomendações sobre a coisa certa a fazer em cada etapa do nosso trabalho, a norma fala sobre recuperação, reutilização e descarte correto de todos os tipos de fluidos refrigerantes, óleos lubrificantes, sistemas de refrigeração, peças e componentes.

No capítulo que define o perfil do refrigerista, ela diz que o profissional deve conhecer os requisitos de inspeção; dominar o funcionamento, a operação e o monitoramento dos sistemas; e saber o processo de troca de fluido refrigerante, observando sempre as boas práticas ecológicas e de segurança.

Outra recomendação da norma – publicada em substituição a uma de 1993 – é que todo sistema de refrigeração tenha um livro para o registro das manutenções e reparos realizados, incluindo cargas de fluido e a substituição de partes.

Finalmente, ela detalha o que fazer ao término da vida útil de todos os itens de um sistema de frio, para que eles sejam recuperados, reutilizados ou destinados conforme a regulamentação de cada país.

No caso dos fluidos refrigerantes, a ISO 5149-1:2014 frisa que profissionais como nós devem seguir os processos adequados de manuseio e armazenamento, bem como garantir os testes necessários antes de sua reutilização.