Bem cuidada, recolhedora vai longe

Você sabe muito bem, meu amigo, que um dos equipamentos mais caros e importantes do nosso dia a dia é a recolhedora de fluido refrigerante.

Nada melhor, então, do que conservá-la muito bem para que dure os cerca de dez anos de vida útil previstos por fabricantes da área.

Um dos primeiros cuidados a tomar se refere à tela de filtro de malha existente na porta de entrada do aparelho. Ela deve ser inspecionada antes de cada trabalho e limpa ou substituída sempre que estiver excessivamente suja ou entupida.

Existe em nosso meio até quem recomende a troca do filtro secador antes de um novo recolhimento, principalmente se houver compressor queimado no sistema, conhecida causa de sujeira e óleo espalhados.

Mas a gente sabe que alguns colegas nem sequer usam esse componente em sua recolhedora, prática prejudicial não só para o aparelho em si, como também a própria máquina reparada, com a possível entrada de partículas no compressor e a consequente perda de rendimento de todo o conjunto.

Outra providência recomendada é a purificação da recolhedora após cada serviço, a famosa purga, evitando assim que eventuais misturas de refrigerantes acabem causando contaminações cruzadas nos próximos trabalhos, além de diminuir o desgaste do rolamento do cárter.

Se houver óleo dentro do sistema, uma prática igualmente recomendável é aplicar fluido passante no equipamento, procedendo a limpeza final com R-141b.

Por fim, fique esperto para alguns sinais típicos de problemas na recolhedora. Se ela demorar muito para atingir uma pressão alta ou se apresentar batidas e ruídos estranhos ao operar, pode ser necessário substituir vedações, rolamentos e válvulas.

Bem, agora você está sabendo como cuidar melhor desse inseparável companheiro da nossa rotina.

Na próxima conversa sobre esse assunto, vou falar sobre a hora de reparar ou substituir o equipamento.

Até lá!

Qual é a vida útil de um sistema de refrigeração?

Quando devemos indicar a um cliente que repare uma instalação antiga ou a substitua por uma nova? Dar a melhor orientação num momento assim requer de nós, refrigeristas, uma análise cuidadosa, que quase sempre resulta em decisão crucial.

O dilema ocorre porque, ao mesmo tempo em que avanços na tecnologia têm estendido o ciclo de vida de praticamente todos os produtos industriais, surge a necessidade de trocar os equipamentos com maior frequência, a fim de tirar proveito das opções mais eficientes lançadas no mercado.

À medida que a eficiência aumenta, os custos operacionais diminuem e os usuários percebem a vantagem de investir em novos sistemas de refrigeração e climatização, em vez de restaurar os antigos.

Contudo, isso não significa que se deva aposentar prematuramente uma instalação com muito tempo de bons serviços pela frente, seja climatizando o ambiente ou mantendo produtos perecíveis na temperatura correta.

Na verdade, existem vários aspectos envolvidos na previsão de quanto tempo um sistema deva durar, dentre eles as horas de funcionamento por dia, proximidade com contaminantes corrosivos, condições em que o equipamento é mantido e se foram feitos grandes reparos ou atualizações. Considerando a combinação de todos esses fatores, geralmente há uma expectativa de vida entre 10 e 30 anos, sendo 20 anos a média.

Também deve ser levado em conta o tipo de equipamento em questão. Por exemplo, os sistemas de ar-condicionado possuem partes expostas a sol e chuva, o que reduz sua expectativa de vida para 15 anos.

Da mesma forma, o comportamento do usuário tem participação decisiva na vida útil dos sistemas frigoríficos. É o caso, por exemplo, daqueles clientes que abrem com frequência exagerada a porta de uma unidade de refrigeração, provocando problemas recorrentes com o termostato.

Há ainda questões ambientais, como a maresia nas regiões litorâneas, ou a quantidade de compostos orgânicos voláteis (COV) introduzidos no ar interno por ambientadores, produtos de higiene pessoal e limpeza, dentre outros.

Seja qual for o caso, nem sempre o usuário aceita que o seu equipamento chegou ao momento da aposentadoria.

Uma pesquisa sobre o assunto mostra que consumidores de diferentes faixas etárias se comportam de maneira distinta nesta hora. Pessoas acima de 45 anos, por exemplo, tendem a achar que as coisas devam durar entre 15 e 20 anos, enquanto os abaixo de 35, que estão acostumados a comprar com maior frequência, consideram a idade limite entre 12 e 15.

Uma coisa é certa: a devida manutenção periódica sempre pode aumentar a vida útil de um equipamento, e quando você e seu cliente discordarem quanto ao momento de sua substituição, nada melhor que consultar o manual do fabricante ou entrar em contato diretamente com ele para tirar qualquer dúvida a este respeito.