Degelo elétrico ou degelo a gás quente: escolha do melhor sistema requer análise de variáveis

A única coisa em comum mesmo quando se fala em degelo é a condensação, inimigo temido em todo equipamento de refrigeração, onde sempre se busca eficácia e economia. Cientificamente, trata-se do efeito físico registrado sempre que a temperatura e a pressão atmosférica de um ambiente levam sua umidade latente a se condensar, provocando com isso o surgimento de uma camada superficial de gelo no evaporador e em outras partes importantes do conjunto.

Numa instalação frigorífica, onde cada segundo de funcionamento conta para a correta conservação de valiosas cargas, e a economia de energia elétrica é igualmente apreciada, o emprego de diferentes métodos de degelo é fundamental, cabendo a eles o papel de reverter a sempre nociva condensação. As modalidades normalmente praticadas são três: natural, elétrica ou a gás quente.

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Degelo natural da câmara frigorífica

Como o próprio nome diz, este método conta com a força da natureza para realizar seu trabalho. Lembra muito aquilo que nossas mães e avós faziam quando ainda não havia os refrigeradores frost free. Isso mesmo, o jeito era deixar a geladeira desligada, com a porta principal e a do congelador ou freezer aberta, e esperar que o gelo derretesse pouco a pouco.

É justamente o tempo relativamente longo que esta forma de fazer o degelo leva que a torna nem sempre indicada, exceto em instalações com temperatura acima de OºC e onde não se tenha pressa para ver as placas indesejáveis desfeitas. O seu ponto forte, porém, é a economia de energia elétrica, pois o compressor fica desligado durante todo o processo.

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Degelo elétrico da câmara fria

Mas nem sempre é viável desligar um equipamento, sobretudo aquele onde os produtos são mantidos com temperaturas negativas e qualquer descuido pode resultar em grandes perdas, além da não menos danosa quebra da cadeia do frio. Para esses casos, a pedida é contar com resistências elétricas, que acionadas de tempos em tempos, derretem a condensação formada nos evaporadores.

Elas fazem isso sem qualquer interrupção no funcionamento da câmara frigorífica e de forma bem mais rápida que o método natural. Mas como tudo na vida tem dois lados, pesa um pouco contra o degelo elétrico o consumo de energia, que acaba se somando ao gasto normal do próprio equipamento ao refrigerar as mercadorias em seu interior.

Degelo a gás quente da câmara fria

Você deve estar pensando: será que existe algum sistema capaz de conciliar agilidade e economia? Talvez responda afirmativamente à sua pergunta o sistema a gás quente, encontrado nas instalações abaixo de 0ºC.

Neste caso, o derretimento da camada de gelo é provocado pelo ar quente da descarga do compressor, isto é, sem gasto extra de energia elétrica, e mais rapidamente em comparação às duas outras modalidades. Além disso, mantém a atividade ininterrupta da câmara. 

Cada caso merece uma avaliação particular, onde o que decide o jogo é sempre a necessidade do cliente.

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Refrigeração comercial: quando o gelo vira um vilão dentro da câmara fria

Embora um produto “estupidamente gelado” passe a ideia de êxito do equipamento que o deixou nesse estado, a formação excessiva de gelo tem sido uma tradicional inimiga de todos os refrigeristas quando o assunto é câmaras frias. Saiba mais sobre a formação de gelo em câmaras frigoríficas:

Nas câmaras de temperatura positiva, gotas formadas no teto são causas frequentes de pinga-pinga sobre as embalagens e a consequente perda de produtos.  Podem ainda provocar acidentes, ao manter o piso molhado e escorregadio.

Já nas câmaras de temperatura negativa, o gelo também chega aos aletados do evaporador, provocando um problema a mais: o inevitável aumento no número de degelos e, consequentemente, do consumo de energia elétrica. É uma dor de cabeça  que vai contra todas as metas atuais de boa manutenção.

Quanto maior a instalação, mais grave tende a ser esse assunto. Imagine os grandes centros de distribuição, por exemplo, onde câmaras gigantescas nunca são desligadas. O gelo que ali se acumula pode até comprometer a estrutura do teto, colocando em risco a câmara, todo o seu conteúdo e as pessoas trabalhando dentro e ao seu redor.

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Formação de gelo na câmara fria: como evitar?

Uma série de medidas preventivas, colocadas em prática por empresas do setor experientes e confiáveis como a EOS, tem conseguido diminuir sensivelmente o número de situações desastrosas, causadas pela formação de gelo em câmaras frias. 

A montagem de antecâmaras na entrada e na saída da câmara principal é uma dessas barreiras contra o fenômeno físico da condensação, ocorrido nas áreas limítrofes, entre frio e calor. O papel dessas antecâmaras é segurar a umidade do ar e resfriá-lo, antes de sua entrada na câmara, a cada novo abrir e fechar de portas. Quando isto não basta, existe ainda a opção adicional de recorrer à climatização e desumidificação com a ajuda de produtos químicos, como os discos de sílica gel. 

Portas rápidas são igualmente bem-vindas, pois diminuem os períodos de abertura, principalmente com acionamento por aproximação, controle remoto ou botoeira, por exemplo. Mas lembre-se: elas não oferecem um isolamento eficaz, o que requer uma segunda porta, esta sim frigorífica, localizada logo após a área de carga e descarga, a fim de evitar a formação de gelo no interior da câmara e todos os problemas decorrentes disso.

Contudo, existe um fator fundamental, que vem antes até mesmo de todo avanço alcançado até aqui pela indústria de câmaras em nosso país: a conscientização dos responsáveis pela operação dessas áreas. As empresas fabricantes e usuárias, cada vez mais, esforçam-se para treinar o material humano envolvido na operação diária das câmaras frigoríficas. 

Mesmo assim, sempre que possível, vale a pena lembrar o pessoal que trabalha na indústria, no varejo e nos centros de logística frigorificados, que manter a porta de uma câmara aberta por mais tempo que o necessário, por exemplo, também abre o caminho para grandes prejuízos em toda a cadeia do frio, chegando muitas vezes até a casa do consumidor. Boas práticas são benéficas e vantajosas para todos! 

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Degelo a gás quente ficou mais seguro

Numa das minhas últimas compras de peças, lá na Frigelar, acabei descobrindo uma novidade da Danfoss que faço questão de compartilhar com você.

Estou falando da válvula solenoide ICSH para injeção de gás quente nos evaporadores, recurso muito usado na refrigeração industrial. Ela só permite a abertura completa depois de uma primeira fase, quando libera cerca de 20% do fluxo.

Na prática, é uma forma mais suave de fazer o degelo para evitar os conhecidos choques hidráulicos, que muitas vezes põem em risco a segurança da instalação.

Para evitar esses problemas, ela foi desenvolvida de acordo com as recomendações de segurança mais recentes do Instituto Internacional da Refrigeração com Amônia (IIAR, na sigla em inglês).

Outra característica que chamou muito a minha atenção é a economia de espaço na obra permitida pelo design compacto dessa válvula.

Também achei bastante interessante a possibilidade de usá-la em obras que já possuam outras famílias de componentes Danfoss. A ICSH é totalmente compatível, por exemplo, com a plataforma ICV. Além disso, seu módulo de função é intercambiável com as linhas ICS e ICF da indústria dinamarquesa.

Perseverança, a alma do negócio

Além de conhecer bastante a área técnica, todo o refrigerista que se preze precisa ser paciente e ter uma boa dose de persistência para testar vários pontos do sistema antes de chegar a um diagnóstico.

Um claro exemplo disso é quando a gente encontra uma câmara frigorífica formando excesso de gelo na parte anterior do evaporador e na tubulação traseira.

Em alguns casos, essa situação é tão crítica que chega a ser necessário desligar a máquina diariamente durante algumas horas, para fazer o desbloqueio.

Um bom começo é checar os ventiladores do evaporador e sua flecha de ar, assim como a resistência do degelo e os tempos do degelo e de parada para a drenagem da água.

Se a causa do problema não for nenhuma dessas, o negócio é ver se falta de fluido refrigerante no sistema, pois quando isso acontece o evaporador não é coberto por igual pelo gelo, formando um bloco que vai crescendo em sua entrada.

Mas também pode ser uma questão de superaquecimento incorreto, o que se descobre com uma medição pra checar se a carga está correta.

Ah, lembre-se também de verificar o ajuste da válvula de expansão e a atuação do degelo, bem como os sensores e as programações de set-point ou degelo, sendo muitas vezes necessário trocar o controlador.

Bem, fazendo todas essas checagens é praticamente impossível não localizar o motivo do excesso de gelo na evaporadora da câmara frigorífica, que após o seu trabalho, feito com muita paciência e foco, certamente voltará ao funcionar normalmente.