Choque térmico: mito ou realidade?

“Fecha essa geladeira, menino, você acabou de sair do chuveiro quente!” Quem de nós nunca ouviu a mãe, aflita, fazendo esse tipo de advertência? Afinal, sua avó deve também deve ter feito o mesmo com ela.

Intrigado com esse tipo de coisa, resolvi estudar um pouco mais o assunto, para saber se o nosso trabalho não estaria sendo cúmplice, indiretamente, do frio causador de doenças e, sabe Deus, até a morte de alguém.

Pois bem, acabei descobrindo que o chamado choque térmico só acontece mesmo em situações extremas.

A criança recém-saída do chuveiro apenas correria algum risco se fosse direto do chuveiro, usando apenas uma toalha, para um local onde estivesse geando. Quer dizer, as mudanças de temperatura causadoras de problemas são aquelas muito bruscas, algo fora do alcance de um simples refrigerador doméstico.

Mas, como em tudo na vida, há exceções. Pessoas com problemas cardíacos, asma e rinite devem evitar até mesmo contrastes pequenos, como o do exemplo da mãe zelosa.

E o ar-condicionado, como fica? Bem, a máxima consequência possível quando se troca rapidamente um ambiente aquecido por um gelado, e vice-versa, é a ocorrência de espirros, congestão nasal ou tosse, isto é, nada que se assemelhe a um choque térmico.

Por via das dúvidas, quando houver vários ambientes climatizados numa residência ou escritório, o negócio é equalizar as temperaturas dos evaporadores numa faixa entre 20 °C e 24 ºC, como forma de evitar reações orgânicas.

Esses parâmetros, inclusive, estão previstos na norma ISO 9241 e na NR-17, do Ministério do Trabalho, que também falam em velocidade de ar inferior a 0,75 m/s.

Uso de EPI, sempre uma boa dica

Nas suas andanças por supermercados e frigoríficos, você já deve ter dado de cara com funcionários da casa se esquivando de usar equipamentos de proteção individual, os famosos EPIs.

O que muita gente não sabe é que, além de ser obrigatório pela legislação trabalhista, o uso deles é essencial para proteger o trabalhador do frio excessivo e da umidade.

Ao entrar com o corpo quente em uma câmara fria, o choque térmico pode causar hipotermia.

Por essa razão, existem, por exemplo, as japonas térmicas, dotadas de capuz, botões de pressão, fechamento em velcro e punho sanfonado.

Graças a essas características, elas impedem o congelamento das extremidades sensíveis e mantêm a saúde de quem as utilizam.

Além de incentivar o uso dessas roupas, proteja-se você também sempre que for verificar uma câmara ligada ou então realizar algum serviço nessa condição, mesmo que seja rápido.

Para você ter uma ideia do quanto a permanência em ambientes gelados é delicada, a jornada nesses casos precisa ter 20 minutos de repouso a cada 1 hora e 40 minutos de trabalho.

Com isso fica fácil imaginar os danos causados à saúde de quem se julga um super-herói e entra desprotegido nessas instalações.