Emenda de Kigali: agora é pra valer

Sabia que entrou oficialmente em vigor, em janeiro, a tão falada Emenda de Kigali? Pois bem, trata-se de um complemento do Protocolo de Montreal, aquele que a gente ouviu falar tanto quando a prioridade internacional, sob o ponto de vista do meio ambiente, era eliminar os clorofluorcarbonos (CFCs) destruidores da camada de ozônio, nosso escudo invisível contra os raios UV.

Agora, a bola da vez nesse campo é substituir os fluidos refrigerantes com grande potencial de aquecimento global (GWP, em inglês) por outros como as hidrofluorolefinas (HFOs).

Nessa mesma sintonia com a Emenda de Kigali, os principais fabricantes mundiais de equipamentos para refrigeradores e ar-condicionado – a grande maioria muito conhecida por aqui – está apressando o passo no desenvolvimento de máquinas compatíveis esses novos fluidos. Nomes famosos como Emerson, Tecumseh e Danfoss têm dado exemplos repetidos dessa postura.

Na ponta dos usuários, os supermercados demonstram grande preocupação com o assunto. Tanto é que mais de 20 mil deles mundo afora já adotaram o Solstice N40 (R-448A), da Honeywell, no lugar do R-404A.

O R-448A também pode ser usado na substituição do hidroclorofluorcarbono (HCFC) R-22, substância nociva à camada de ozônio e que também afeta o clima do planeta, devido ao seu GWP.

Solstice N40, fluido refrigerante à base de HFO desenvolvido pela Honeywell, indústria química norte-americana cujos produtos são distribuídos no Brasil exclusivamente pela Frigelar

O Solstice N40 é uma mistura composta pelos hidrofluorcabonos (HFCs) R-32 (26%), R-125 (26%) e R-134a (21%), com adição das HFOs R-1234yf (20%) e R-1234ze (7%).

Além de ser atóxica, não inflamável e possuir GWP 65% menor que o do R-404A, a substância normalmente não exige alterações de componentes nos sistemas de refrigeração comercial durante o retrofit, e isso indica excelentes condições de crescimento também no próprio país.

Caso tenha alguma dúvida técnica ou comercial sobre o Solstice N40, consulte o pessoal Frigelar onde você costuma fazer suas compras, pois as lojas da rede estão comercializando os fluidos refrigerantes da Honeywell com exclusividade no Brasil.

Refrigeração, uma longa história

Já pensou desde quando o homem usa algum método para fazer e conservar o frio?

Eu andei pesquisando sobre essa verdadeira aventura e descobri registros de 1.000 anos antes de Cristo mostrando que, naquela época, os chineses já cortavam e armazenavam gelo.

Em 500 a.C., os egípcios e os indianos teriam deixado potes de barro ao ar livre durante as noites frias com a mesma finalidade.

Na Europa do século 18, por sua vez, o gelo foi coletado no inverno, salgado, envolto em flanela e armazenado no subsolo para ser preservado.

Mas o método que a gente conhece, usando aparelhos como os refrigeradores domésticos, é relativamente recente e levou muitos anos para se tornar realidade.

Tudo começou em 1748, quando o professor escocês Willian Cullen desenvolveu a ideia de criar um meio de resfriamento artificial. Seu projeto não tinha aplicação prática, e chamou apenas a atenção de alguns cientistas.

Em 1805, o inventor americano Oliver Evans projetou uma máquina de refrigeração que usava vapor em vez de líquido para refrescar os alimentos. O conceito foi usado em 1844, quando John Gorrie, um médico americano, usou o projeto para produzir gelo destinado a resfriar o ar para pacientes com febre amarela.

Antes disso, em 1834, o também americano Jacob Perkins construiu o primeiro refrigerador prático. Era um dispositivo de ciclo fechado que poderia comprimir o vapor, operando de maneira contínua.

Contudo, a primeira pessoa a obter uma patente para um sistema prático de refrigeração por compressão de vapor foi o jornalista britânico James Harrison.

Ele iniciou, em 1851, o processo de construção de um sistema de refrigeração que teve elementos como éter, álcool e amônia. A estreia da máquina de fazer gelo foi em 1854 e a patente para o sistema de compressão de vapor foi obtido em 1856.

Entre 1856 e 1929, os refrigeradores utilizavam amoníaco, cloreto de metilo e dióxido de enxofre como refrigerantes. Como os gases são tóxicos, eles levaram a acidentes mortais.

Para resolver este problema, três empresas americanas realizaram pesquisas que levaram à criação do clorofluorcarbono (CFC), um fluido de refrigeração atóxico e mundialmente aceito, até que se descobrisse, anos depois, sua capacidade de destruir a camada de ozônio.

O refrigerador doméstico propriamente dito foi produzido em 1913 por Fred W. Wolf Junior, em Chicago. Batizado como Domelre (Domestic Electric Refrigerator) o equipamento não foi um sucesso comercial.

Já a companhia Kelvinator, formada em maio de 1916, se deu bem melhor com os seus aparelhos que resfriavam usando uma bomba de calor de fase alternada.

Só em 1925 foram fabricados os primeiros refrigeradores que continham numa mesma unidade a caixa de resfriamento, o compressor e o condensador, trio que antes existia separado, ao lado ou embaixo da geladeira.

Por fim, o primeiro refrigerador a ter sucesso mundial foi um modelo da General Eletric (Monitor-Top) de 1927, uma geladeira que usava dióxido de enxofre como refrigerante.

O resto da história você conhece e sua evolução todos juntos estamos ajudando a construir com o nosso trabalho no dia a dia.